sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um amor de Vampiro



Eu não me impressionaria ao ver uma lua brilhante no céu da sempre tão nublada Forks esta noite. Parecia correto ela sair do esconderijo por trás das pesadas nuvens e iluminar a garota que dormia no pequeno quarto da casa para qual não me cansava de olhar. Era assim que me sentia neste momento, com uma lua poderosa e incandescente no peito. Estava agachado sob um galho de árvore, olhando a janela do quarto da garota. A noite estava fria, provavelmente Bella Swan não deveria deixá-la aberta deste jeito. Além do mais, poderiam entrar ladrões. Ou vampiros possessivos e loucos como eu. Abri um pequeno sorriso da minha piada particular. Não durou muito. A verdadeira piada era minha vida. Ou, bem, minha morte. Eu sabia que minha decisão teria que ser tomada mais cedo ou mais tarde – e realmente faria de tudo para que fosse mais tarde. Arriscar a vida da garota para satisfazer minha estúpida necessidade de estar ao lado dela, ou mantê-la segura e nunca mais vê-la. Sua segurança e meu coração perpetuamente partido versus minha alegria alimentando a possessividade com a faca sob seu pescoço. Ou dentes. Meus dentes – e sua vida terminada. Não conseguia suportar nenhuma das opções. Não havia nenhum meio termo, nenhum caminho possível. Mas não podia ignorar a sensação que se estendia por todo o meu corpo, anuviava a minha visão, transtornava meu cérebro, apertava a pedra viva em meu peito. Coloquei a mão sob o coração. Silêncio. Nenhum resquício de vida, nenhuma batida, nenhuma humanidade. E este mesmo coração, morto e silencioso, insistia em doer por ela. Prestei atenção à sua respiração calma no quarto. A garota dormia tranquila. Sua vida pacata e segura, nenhum mostro à espreita a não ser o vampiro possessivo ao lado de fora, que precisava vir todas as noites somente para ouvir a respiração dela. Fechei os olhos e ouvi as batidas de seu coração. De algum modo, a pedra em meu peito ficara mais quente. As batidas saudáveis de seu coração compensavam o silêncio do meu. Sua vida compensava a minha morte. Descobri que já não me importava em estar morto, pois a vida dela me alimentava de um jeito que nem mesmo a minha própria poderia. Neste momento, eu sabia que a amava, já não podia tentar enganar a mim mesmo. Cada batida do coração da garota impulsionava o meu errado e indigno amor; sangue pelas veias dela, amor pelas minhas. Pulsa, pulsa, pulsa. Apesar de não precisar, eu respirava no ritmo dela. Abri os olhos e pulei para a árvore mais próxima de seu quarto. Sem dificuldade, fechei a janela para que ela não sentisse frio. Não pude evitar olhá-la dormir calmamente em sua pequena cama, porém não pude ver seu rosto, somente um grande leque de cabelo cor de mogno espalhado pelo travesseiro. Me obriguei a sair dali quando o pensamento de entrar e me sentar na cadeira de balanço para observá-la a noite toda passou pela minha cabeça. Não, Edward. Mantenha suas necessidades para ti mesmo. Iria ir direto para o piano assim que retornasse para casa, a canção inspirada na garota ia se formando claramente em minha cabeça, as notas tão distintas como seu cabelo mogno, a melodia seguia o ritmo de sua formosa respiração. Parei um segundo, chocado com o calor estranho no meu peito. Carlisle sempre tentou me convencer de que nossa alma estava intacta, que seríamos perdoados por matar as criaturas tão amadas feitas com cuidado pelo Ser Superior. Por noventa anos meu pai tinha a mais pura convicção de que Deus não me negaria, algum dia, estar em sua morada, por tirar a vida dos seres humanos, aqueles que Ele chama de filhos. Nunca acreditei que o Pai perdoaria uma criatura cujo único objetivo era tomar a vida de seus filhos. Poderia até aceitar Carlisle, cuja boca nunca provou sangue humano, mas não a mim, com dez anos de assassinatos pesando a alma. Mas meu pai sempre acreditou em um milagre, e neste momento, eu passei a crer também. O milagre estava acontecendo diante de meus olhos, inundando todo o meu corpo e aquecendo o peso morto em meu peito. E finalmente descobri que o milagre era eu.
Edward Cullen

2 comentários:

  1. Eu conheço uma fic com esse nome. Vc faz fics?

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  2. Não amore,nunca fiz fic nao,aí é um trecho com algumas adaptações do livro Midnight Sun, sobre ponto de vista de Edward Cullen.Achei interessante e postei.

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